Os textos induzem juízos de valor com simbologia negativa, pois caracteriza pessoas vivendo com HIV como pessoas perigosas, sem caráter, vingativas. Um retrocesso para o movimento de luta contra HIV/AIDS, que vem construindo e lutando por políticas públicas de direitos humanos para todos e todas. Na matéria há frases de preconceitos, como: “Até que ponto chega a crueldade humana em busca da satisfação sexual?”. E completa “Dessa vez uma mulher com hidrocefalia de 24 anos, foi alvo de homem de 31 anos portador do vírus HIV”. Essa analogia da crueldade associada ao HIV não reflete o comportamento da maioria das pessoas que vivem com o vírus. Esse tipo de comportamento é de uma pessoa que cometeu uma violência e deve ser julgada como tal, independente da soropositividade.
Se as formas comuns de desrespeito aos direitos humanos às pessoas vivendo com HIV/AIDS não têm sido reconhecida pela imprensa, cabe a nós, sociedade civil, lembrar da responsabilidade de quem a tem. A questão que se aborda aqui são os abusos que a liberdade de expressão vem passando e quais os caminhos a serem trilhados no combate aos mesmos, uma vez que direito à liberdade de expressão não pode ferir outros direitos humanos. Se está explícito em nossa Constituição que a lei deve proibir qualquer forma de discriminação em qualquer situação, então é necessário retomá-la.
GTP+ Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo
Venho comentar a nota de repúdio veiculada por vocês. Em
primeiro lugar, não foi intenção do repórter que fez a matéria (neste caso,
eu) em criminalizar o portador do vírus da Aids. E fica bem claro na matéria.
Não houve qualquer discriminação. No entanto, é evidente que uma pessoa que
é estuprada por um portador do vírus é uma vítima que corre o risco de adquirir também a doença.
Não devemos fechar os olhos para isso.
Em nenhum momento eu disse nem induzi que as pessoas portadoras do vírus são
perigosas. Mas, é evidente que as relações sexuais sem camisinhas (e em caso
de estupro) podem transmitir a doença. O fato é preocupante. E vocês deviam
levar isso em consideração. O sensacionalismo, por certo, partiu dessa
organização (GTP) e não do repórter.
Por último, “Até que ponto chega a crueldade humana em busca da satisfação
sexual?”, o questionamento deixa claro que eu estou falando de qualquer
forma de estupro, e não restrigindo aos portadores de vírus da aids.
Faço jornalismo policial há nove meses e, infelizmente, observo que os casos de estupro são cada vez mais frequentes. Isso me preocupa, me deixa indignado e no questionamento eu passei isso ao meu leitor, que certamente entendeu e também se indigna quando lê que uma pessoa, de forma cruel, estupra outra.
Lamento a má interpretação do Grupo e estou à disposição a qualquer outro esclarecimento.
O GTP+ em nenhum momento colocou que o jornal (AQUI-PE) ou repórter que escreveu a matéria quis ser sensacionalista. A intenção da nota é conscientizar a todos e todas profissionais de comunicação que esse tipo de veiculação criminaliza as pessoas vivendo com HIV, e isso é uma violação aos direitos humanos. O GTP+ trabalha com pessoas vivendo com HIV/AIDS há 9 anos, e que ao lerem as matérias se sentiram feridas e indignadas, e enquanto lutarmos por seus direitos não vamos nos calar. De fato, qualquer pessoa que sofre violência sexual está passível a diversas doenças sexualmente transmissíveis, inclusive o HIV, e que de fato é preocupante, e é nossa preocupação. Mas isso não lhe dar o direito de expor a sorologia, e colocá-la como foco principal na matéria, instigando ainda mais preconceitos. Durante esses três dias recebemos vários apoios à nota que enviamos ao jornal, refletindo que não é apenas um posicionamento da instituição.